Musica Nacional


Bandas Nacionais


Algumas bandas que marcaram a época

Comentários de discos até o fim da década de 80

Blitz

Verão de 80/81. Reuniram-se no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro,para apresentações o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone abrindo o show da cantora Marina. Entre intervalos dos ensaios , o ator do Asdrúbal , Evandro Mesquita levava um som com Lobão, na época baterista de Marina e com o primo de Regina Casé, Ricardo Barreto.
Após apresentação no Caribe, espaço aberto para alguns showzinhos, a Blitz começaria a surgir, ainda sem nome. Este pequeno show fez todos na Praia de Ipanema,dias após, comentarem: o bairro tinha uma banda de rock performático.
O nome veio de Lobão, pois os músicos levavam muita geral da polícia. Além de Evandro e Lobão, o restante da Blitz, no primeiro momento, veio dos músicos acompanhantes de Marina.
As meninas, Márcia Bulcão, mulher de Ricardo Barreto e Fernanda Abreu bailarina vieram depois, numa indicação da mulher de Evandro, na época, Patricia Travassos que além de fazer parte do Asdrúbal montava as coreografias da nova banda que estava surgindo e que iria revolucionar o mercado fonográfico e o rock no Brasil.
A Blitz ficou com a formação: Evandro nos vocais e violão, Barreto guitarra, Antônio Pedro no baixo(que chegou a tocar com Mutantes e depois com Lulu Santos), Willian Forgheri nos teclados (ex-Gang 90), Márcia e Fernanda nos vocais e Lobão na bateria.
O primeiro compacto com a música "Você não soube me amar" lançada em julho de 1982 vendeu 100 mil cópias em três meses. Tempos depois iria ganhar disco de platina (250 mil cópias) Detalhe: não existia lado B. Devido ao sucesso, em 26 de setembro do mesmo ano era lançado o LP "As Aventuras da Blitz" com vendagem de mais de 100 mil cópias.
Sucesso garantido. Antes mesmo do lançamento Lobão abandonou o barco devido a desacertos com Evandro. Juba assumiu as baquetas. Na história da Blitz constam ainda os LPS 'Radioatividade' 1983 e Blitz 3 1984. Em 3 de março de 1986 com muita bagagem em show a Blitz termina.

Barão Vermelho

A banda foi formada para tocar na 21a feira da Providência, que aconteceu em novembro de 1981. Duas semanas de ensaios. Na hora H a organização do evento 'esqueceu' de providenciar um P.A. Resultado: nada de show, nada de rock’n roll.
Mesmo com o acontecimento, os meninos Maurício Carvalho 17 anos(teclado), Flávio Augusto Goffi Marquesini 19 anos (bateria), Roberto Frejat 19 anos (guitarra) e André Palmeira Cunha 16 anos (baixo) não desistiram da idéia.
Tinham um certo problema: acertar com um vocalista (pelo Barão Vermelho, na fase de testes passou até Léo Jaime) rockeiro em todos os detalhes. Apareceu um rapaz que fazia curso de teatro. Agenor Miranda Araújo Neto 23 anos, mais conhecido como Cazuza foi o escolhido pois encaixou como uma luva para as intenções do grupo. Nasceria a dupla Cazuza/Frejat que foi chamada de Jagger/Richards brasileiros.
A primeira apresentação que rendeu comentários foi no Morro da Urca abrindo o show de Sandra Sá, funkeira, amiga de Tim Maia. O primeiro LP do Barão, lançado em setembro de 1982 virou item de colecionador pois não caiu no gosto da mídia. ‘Barão Vermelho 2’ de 1983 começou a ter destaque após comentários positivos de Caetano Veloso que regravou “todo amor que houver nessa vida”.
Logo depois Ney Matogrosso gravou “pro dia nascer feliz. A gravadora que iria dispensar a banda devido as vendagens foi pega de surpresa pelo sucesso da música. Gravou as pressas um compacto com a música na voz da banda. O sucesso desencadeou o LP ‘maior abandonado’ e trouxe várias músicas que estouraram no país.
Estava consolidado o Barão Vermelho. Em 1985 a expectativa do público era grande em ver a banda no ‘Rock n Rio’. Duas apresentações rockeiras que não decepcionaram ninguém. No final de julho do mesmo ano Cazuza decide seguir carreira solo.
O Barão quase afunda. Frejat assume os vocais e a banda lança ‘declare guerra’, recomeço difícil , pouca vendagem e desemprego. Mudaram de gravadora e emplacaram o LP : ‘Rock’n Geral’ 1987.
Em 1988 Maurício deixa a banda. O trio Frejat-Guto-Dé resolvem incorporar Fernando Magalhães (guitarra) e o percussionista Peninha. Neste mesmo ano é lançado Carnaval; em 1989 ‘Barão ao vivo’. No início de 1990 Dé sai. Após a participação de alguns baixistas, Rodrigo ex-Lobão assume.

Paralamas do Sucesso

Herbert Vianna (filho de militar) e Bi Ribeiro (filho de diplomata) se mudaram de Brasíla onde conviviam com a ‘turma do som’ da capital do país e foram morar no Rio de Janeiro. Era 1978, Herbert tinha 16 anos, sem mais contato próximo com os amigos de Brasilia e odiando a cidade maravilhosa, trancou-se no quarto e começou a estudar guitarra.
Tinha uma Fender japonesa, na época um dos raros a ter uma. Bi Ribeiro apenas gostava de reggae, e por insistência do amigo, comprou um baixo e começou a aprender. A dupla Paralamas estava formada, faltava um baterista. Surgiu um aluno de classe, Vital Dias. O trio ensaiava na casa da avó de Bi, Ondina Nóbrega.
Inscreveram-se no festival da Universidade Rural do Rio de Janeiro, em 1981. As três músicas inscritas não agradaram os jurados. Uma delas era ‘Vital e sua moto’. Em uma apresentação no intervalo da faculdade, Vital não aparece, e um amigo de Bi sugere na última hora o estudante João Barone.
Em 1982 o grupo gravou uma fita-demo com quatro músicas e enviaram à rádio fluminense (rockeira/alternativa) da época. Sucesso de ‘Vital e sua moto’. Em junho do mesmo ano, já com gravadora, lançaram o compacto que continha ‘Vital…’ e ‘Patrulha Noturna’. Vendeu 11 mil cópias.
No mesmo ano saiu o LP 'Cinema Mudo' quie não teve muita repercussão. Em agosto de 1984 o segundo LP ‘O Passo do Lui’ emplacou diversas músicas.
Em janeiro de 1985 o ‘Rock 'n Rio’ curvou-se ao som dos Paralamas. Foi escolhido um dos melhores shows do evento desbancando algumas atrações internacionais. Disco de ouro para o LP e consolidação.
O proximo LP ‘Selvagem’ de 1986 de saída vendeu 300 mil cópias.
Em 1987 lançaram o ‘D’ao vivo de Montreaux. 1988 foi o ano de ‘Bora Bora’. Lado A muito ritmo, swingue e lado B mais lento, quase fossa. 1989 veio ‘Big-Bang’. Não tinha mais prá ninguém. Os Paralamas eram do Sucesso.

Titãs

Uma junção de diversas bandas. No final dos anos 70, Marcelo Fromer, Tony Belotto e Branco Mello eram o Trio Mamão; Nando Reis e Paulo Miklos faziam parte do Sossega Leão; Arnaldo Antunes fazia parte da Aguilar e Banda Performática; Ciro Pessoa e Charles Gavin eram Os Jetsons. Sérgio Britto não tocava com ninguém.
Em agosto de 1982 surgia os Titãs do Ié-Ié com show para 30 pessoas. Na época André Jung era o baterista (depois trocaria de lugar com Gavin que tocava no Ira!). Neste ano, os Titãs se apresentaram em diversos programas de televisão: Cassino do chacrinha, Bolinha, Barros de Alencar, Raul Gil e da Hebe Camargo.
Causava estranheza oito malucos nos programas cafonélios da época. Era chamados de new-bregas. O primeiro LP intitulado ‘Titãs’ (agora sem ié-ié) lançado em 1984 conseguiu certo destaque com as músicas “Sonífera Ilha” e “Marvin”. Vendeu menos de 50 mil cópias.
No ano seguinte foi a vez do ‘Televisão’ que recebeu boas críticas da imprensa especializada e respaldo do público. Em 1986 o maior sucesso da banda, o LP `Çabeça dinossauro’ trouxe vários hits.
Em 1987 ‘Jesus não tem dentes no país dos banguelas’ seguiu o sucesso do anterior. Em 1988 ‘Go back’ e 1989 ‘O Blesq Blom’ que vendeu 230 mil cópias. Apresentações ao vivo em diversos festivais consolidaram o grupo.

Ultraje a Rigor

Roger Moreira Rocha e Leospa amigos desde 1975, resolveram seis anos depois montar uma banda para diversão. Em 1979 os dois trabalharam em São Francisco (Estados Unidos) de entregadores de pizza e faxineiros. Nesta época inventaram a primeira música “Mauro Bundinha”.
Em 1982, já de volta ao Brasil definiam o nome do grupo até que em um errôneo entendimento, Edgard Scandurra (guitarrista) perguntou se teriam que tocar com Traje a Rigor. Depois foi só colocar o Ul. Desta época faziam parte Roger, Leospa, Scandurra e o baixista Silvio. Neste mesmo ano sai Silvio e entra o definitivo Maurício Rodrigues. Em 1983 surgia o primeiro compacto com “Inútil” e “Mim quer tocar”. O compacto vendeu 30 mil cópias . O tão sonhado LP surgiria mais de um ano após, antes porém mais um compacto com “Eu me amo” e “Rebelde sem causa” já com Carlinhos na guitarra no lugar de Scandurra que ficou definitivamente no Ira! Após shows e tocarem os compactos nas rádios criava-se uma expectativa para o primeiro LP. E ele veio em 1986 estourando vários hits, inclusive o nome dado a ele: ‘Nós vamos invadir sua praia’.
Com apenas um mês nas lojas já chegava a casa de 50 mil cópias vendidas(chegaria a decuplicar esta marca). Durante a maior parte do ano, o Ultraje decidiu tirar férias para evitar a superexposição. Em 1987 lançaram o LP que sucederia o grande sucesso de “Nós vamos…”.
“Sexo” foi gravado em sua maior parte pelo guitarrista Sérgio Serra, já que Carlinhos foi embora para os Estados Unidos. O LP fez quase tanto sucesso quanto o outro, vendeu pouco mais de 320 mil cópias.
“Crescendo” foi o terceiro LP, lançado em 1989 nas lojas e chegou a marca de 234 mil vendidos. Em julho Maurício abandona o baixo, entrando Andria Busic e posteriormente Osvaldo Fagnani. Em março de 1990 é lançado o último LP com o Ultraje de outrora: “Por que Ultraje a Rigor”? vendeu pouco mais de 50 mil cópias. Nele constava a música ‘Mauro Bundinha’.

RPM

Paulo Ricardo Medeiros muda-se de Brasília para São Paulo em 1977, com 14 anos. Conhece o tecladista Luiz Schiavon dois anos depois, este com 21 anos. A dupla formou um grupo de rock progressivo. Durou um ano e meio. Paulo Ricardo decidiu ir para Londres, no segundo semestre de 1982 e lá descobriu novos sons. Voltou para o Brasil em 1983 e formou, novamente, um duo com o tecladista. Gravaram fita-demo e nada aconteceu. Decidiram buscar outros integrantes: primeiro veio Fernando Deluqui na guitarra , depois Fernando Moreno na bateria. Fizeram shows em várias danceterias paulistas.
Duas gravadoras se interessaram pelo grupo, inclusive uma que tinha recusado tempos atrás. O baterista acabou saindo pois era ‘muito verde’. Na gravação do primeiro compacto foi usado bateria eletrônica.

Lançado em janeiro de 1985 no meio de uma enxurrada de novas bandas o RPM conseguiu aparecer um pouco. No mesmo ano sairia um fenômeno de vendas, o LP “Revoluções por Minuto”. Paulo PA Pagni já havia assumido as baquetas.
Com o tempo este primeiro trabalho chegaria a 600 mil cópias vendidas e a febre RPM havia começado. Foram feitos 260 shows em um ano, com uma super produção com direção de Ney Matogrosso. No ano seguinte veio o ‘ao vivo’ que era o show com duas inéditas “Alvorada Voraz”e a instrumental “Naja” e regravações de “London, london” de Caetano Veloso e “Flores Astrais” dos Secos e Molhados.
De saída vendeu 250 mil cópias, chegando a 2.200.000 cópias, recorde absoluto no Brasil. Todo sucesso e dinheiro acabou transformando os rapazes. O consumo de cocaína tornou-se constante e acabou atrapalhando o andamento.
Em 1987 gravou um mix junto com Milton Nascimento. Em agosto deste ano o RPM termina pela primeira vez devido aos direitos autorais das canções, só que a gravadora com o contrato assinado por cinco anos obriga a banda a se reunir para gravar. Em 1988 foi lançado o LP “RPM” que também ficou conhecido como “Quatro Coiotes”.
O LP dividia a autoria das canções (causa do primeiro racha). Não emplacou vendendo pouco mais de 170 mil. Marca boa, mais para o fenômeno RPM era um fracasso e os shows sem graça alguma. Em fevereiro de 1989 aconteceu o que todos esperavam: o RPM acaba mais uma vez.

Legião Urbana

Em 1977 o movimento punk toma conta de Brasília. Vários amigos que mais tarde misturariam e formariam várias bandas.
A turma da colina tinha Herbert Vianna, André X,Loro Jones entre outros. Destacava-se as letras de um tal de Renato Mafredini JR, o Renato Russo.
Na época”Geração coca-cola” gravada anos mais tarde pela Legião Urbana estava sendo feita. Renato cantava, tocava baixo e compunha na banda ‘ Aborto Elétrico’ junto com o guitarrista André Pretorius e o baterista Fê Lemos. O grupo vira quarteto em 1979 com o irmão de Fê, Flávio Lemos assumindo o baixo e Iko Ouro Preto nas guitarras no lugar de André.
Agora Renato era somente o vocalista. Desta época foram compostas além de “Geração…” , “Que país é este” , “conexão amazônica”, “tédio(com um T)”, “Música Urbana”, “veraneio vascaína” e “Fátima”.
Na virada de 1981 para 1982 o ‘Aborto Elétrico’acaba devido uma briga de Renato e Fê. Em julho de 1983 a Legião Urbana aportava no Rio de Janeiro para shows, aproveitaram a viagem e trouxeram uma fita-demo contendo “Geração coca-cola” e “ainda é cedo “. Abriram o show do Lobão e os Ronaldos.
Em 1984 a Legião fecha contrato com gravadora. Faziam parte Renato Russo nos vocais e composições, Dado Villa-Lobos(guitarra), Marcelo Bonfá (bateria) e Renato Rocha (baixo).
Em janeiro de 1985 é lançado o primeiro LP. “Legião Urbana” é mal divulgado mas o público começa a identificar-se. Começa a vender, vende dez vezes mais que o previsto pela gravadora (que era de 5 mil) Chega a marca de 100 mil cópias.
O sucesso fez o grupo se transferir para o Rio de Janeiro. Vários shows. Quando começam os preparativos de lançamento do segundo LP, o primeiro ainda tocava bastante nas rádios.
“Dois” lançado em 1986 bateu a casa de 800 mil exemplares em pouco mais de um mês e tocou vários hits nas rádios. Em dezembro de 1987 chegou às lojas “Que país é este 1978/1987” que trazia composições antigas e duas novas ”Angra dos Reis” e “Mais do mesmo “. A mais improvável foi a que mais tocou “Faroeste Caboclo” com seus 159 versos e mais de nove minutos de duração.
Quando a Legião preparava o quarto LP, Renato Rocha deixa a banda. Renato Russo assumiu o baixo nas gravações e em 1989 saía “Quatro estações” com 450 mil cópias vendidas antecipadas, com o tempo chegou na casa de hum milhão.

Engenheiros do Hawaii

Estudantes de Arquitetura, Humberto Gessinger e Carlos Maltz ficaram estudando e quase seis meses sem se falar. Quando apareceu uma festa estudantil os dois trocaram papos. Gessinger mostrou 30 letras a Maltz que mostrou a Marcelo Pitz. Fizeram três ensaios e tocaram. Duas composições próprias, covers e versão de “Lady Laura”de Roberto Carlos. Agradaram.
Na época Gessinger tinha 20 anos, Maltz 22 e Pitz 21. Em 1986 lançaram o LP coletânea “Rock Grande do Sul “ que tinha as faixas ‘Segurança’ e ‘Sopa de Letrinhas’. Em novembro de 1986 saia o LP dos Engenheiros “Longe demais das capitais”. Vendeu mais de 50 mil cópias em menos de um mês. Emplacou a música “Toda forma de poder” em novela global e fez clipe da mesma música com participação do ator Paulo César Pereio.
Após shows e perto de lançar outro LP, Pitz decide sair da banda. Gessinger assume o baixo e convidam Augusto Licks, 31 anos, músico conceituado no Rio Grande do Sul para a guitarra. Em 1987 lançam LP “A revolta dos dândis” e caem no gosto do público.
Sucesso forte principalmente no Sul do país. Ano seguinte saía o LP “Ouça o que eu digo, não ouça ninguëm “. 84 shows por todo o Brasil e o material para o quarto LP estaria gravado.
“Alívio imediato” teve seu lançamento em outubro de 1989. As inéditas “Nau a deriva” e o nome do disco gravadas em estúdio. O restante tirado dos shows.

IRA!

Paulista da Vila Mariana, Edgard Scandurra conheceu Nasi no colégio Brasílio Machado. Ficaram amigos.
Em 1981 Nasi convidou Scandurra para um show na PUC. Nascia o Ira!.
Completavam a formação o baixista Dino e o baterista Charles Gavin. Em 1983 a banda gravaria o primeiro compacto contendo “Gritos na multidão” e “Pobre paulista “.
Nenhuma repercussão já que a gravadora não divulgou. Em 1985 já com Gaspa no baixo e André Jung na bateria o Ira! voltaria ao estúdio. Nascia o primeiro LP "Mudança de comportamento" que com o passar do tempo vendeu 50 mil cópias. No segundo LP “Vivendo e não aprendendo” de 1986 o Ira! emplacou alguns hits: “Flores em você”que era tema de novela global; “Envelheço na cidade” e “Dias de Luta “.
Chegou a vendagem de 165 mil cópias. Nesta época, Scandurra já era eleito o melhor guitarrista do país (por alguns anos sustentou o título). Em 1989 chegava as lojas o “Psicoacústica” terceiro LP da banda. Trabalho anticomercial, não vendendo nem um terço do antecessor. Mas o Ira! já havia caído nas graças das pessoas de bom gosto musical.

Kid Abelha e os Abóboras Selvagens

Estudantes da PUC, Leoni de Letras e George Israel, Engenharia. Era 1981. A música aproximou os dois, logo Carlos Beni (bateria), velho amigo de Leoni juntou-se a dupla.
O trio começa a fazer um som. Uma estudante de desenho industrial chamada Paula Toller aparece no ensaio para assistir e arrisca cantarolar. Aprovada, começou a fazer parte.
Faziam parte também o guitarrista Beto Martins e o tecladista Richard Owens. Fizeram suas primeiras aprsentações em festinhas de condomínio e gravaram uma fita-demo com as músicas “Distração “ e “Vida de cão é chato prá cachorro”.
Levaram a fita para a rádio fluminense e ela foi aprovada para entrar na programação. Estava tudo certo, só faltava um detalhe: o nome da banda. Na hora de entregar a fita original para ser rodada, Beni escolheu o nome entre tantos outros listados.
Nascia o Kid Abelha e os abóboras selvagens.
Em janeiro de 1983 as duas músicas foram selecionadas para uma coletânea rockeira da época. No início de 1984 estoura um compacto com a música “Como eu quero “, disquinho de ouro para o Kid.
A partir daí nasce o primeiro LP “Seu espião” que conseguiu a marca de quase 150 mil cópias. Nesta época a formação já contava com Bruno Fortunato na guitarra e as saídas de Beni (que virou produtor da banda), Beto e Owens. Em 1985 era lançado “Educação sentimental” com alguns hits e a parceria de Léo Jaime na “Formula do amor “.
23 de fevereiro e Leoni sai do grupo devido a desentendimentos. O Kid vira trio sempre com baixista e baterista convidados. 1986 vários shows e gravação do disco “äo vivo” que seria lançado no ano seguinte.
Também neste mesmo ano surge “Tomate” quarto LP da banda. Não chegou a marca de 100 mil cópias vendidas. “Kid “lançado em 1989 emplacou “Todo meu ouro” e “Agora eu sei”. As vendagens ultrapassaram “Tomate”.

Capital Inicial

Surgiu do clube da Colina de Brasília. A união dos irmãos Fê e Flavio Lemos (aborto elétrico) mais Loro Jones (blitz 64) juntamente com Dinho Ouro Preto, irmão mais novo de Iko Ouro-Preto (que tocou seus acordes na Legião) resultou numa das bandas de maior expressão no cenário do rock brasileiro.
Em 1986 o LP de estréia do Capital Inicial entitulado “Capital Inicial”. De cara velhas composições de Flávio Lemos com Renato Russo: “Fátima” , “Música urbana” e “Veraneio vascaína” caíram como uma luva para o momento. O resultado apareceu no comparecimento do público aos shows e na vendagem que foi de 200 mil cópias. O segundo trabalho “Independência” de 1987 trouxe a oficialização do tecladista Bozo Baretti à banda e o desempenho dele ficou nítido, o Capital ganhou teclados demais, perdendo um pouco a consistência.
Muitos shows e no fim do mesmo ano era lançado o terceiro LP “você não precisa entender” delineando um pouco mais a linha pop da banda. ‘Fogo’ foi a faixa mais executada. A vendagem não passou das 50 mil cópias.

Em 1990 lança “Todos os lados” com a guitarra de Loro Jones aparecendo mais. Mas algo não ia bem, no ano seguinte lançam “Eletricidade”. Dinho e Bozo saem.

Camisa de Vênus

O locutor de FM, Marcelo Nova, juntamente com seus amigos revolucionou a música bahiana nos anos 80.
Como poderia surgir uma banda punk na Bahia? E surgiu. O Camisa de Vênus era composto, além do vocalista, por Karl Hummel e Gustavo Mullen (guitarras), Robério Santana (baixo) e Aldo Machado (bateria).
Em 1982 o grupo intensificou ensaios, começou apresentações polêmicas na Bahia. O nome do grupo na época já beirava um escândalo e o show chamava-se ‘ejaculação precoce’. Toda polêmica serviu para a divulgação da banda.
Gravaram um compacto com a música “meu primo Zé” . Caiu no gosto e o Camisa lançaria seu primeiro LP em 1983 intitulado com o nome da banda. A gravadora decidiu implicar com a banda preferindo que a mesma mudasse de nome.
Resultado: saíram da gravadora e continuaram fazendo shows. Em 1985 em outra gravadora o Camisa lançaria “Batalhão de Estranhos”e começaria realmente seu sucesso. ‘Eu não matei Joanna Darc’ puxava o disco que se tornou de ouro devido as vendagens.
Em 1986 veio o “viva” gravado ao vivo no Caiçara Music Hall. Totalmente crú na questão de mixagens e ’embelezamento’, faixas proibidas pela censura aguçaram os fãs e o público em geral. A frase inventada pelo público, contida no disco, “Bota prá f…” perseguiria o Camisa por muito tempo.
Ainda neste ano, em outra gravadora, foi lançado o “Correndo o Risco” trazendo uma releitura de ‘Ouro de Tolo’de Raul Seixas. Mais de 200 mil Lps vendidos. No ano seguinte lançaram um álbum duplo “Duplo sentido” já com a idéia de dar um tempo na banda. Foi o que aconteceu.

Plebe Rude

André X, baixista, paranaense, fazia parte do clube da colina em Brasília. Jander Bilaphra (guitarra e voz) mineiro, Gutje(bateria) carioca e Philippe Seabra (guitarra e voz) morador de Brasília nascido em Washington D.C. EUA.
Todos amigos, moradores da capital do país, que tocavam em outras bandas. Na Blitz 64, a de maior destaque entre os futuros integrantes da Plebe, tocava Gutje juntamente com Loro Jones. Após o agrupamento da Plebe Rude, o primeiro show aconteceu, juntamente com a Legião Urbana em Patos de Minas.
Confusão geral devido às letras políticas e explicações para a polícia.. Na leva de grupos de Brasília para o eixo Rio/São Paulo, sempre apadrinhados por Herbert Vianna, a Plebe encontrou seu lugar e em 1986 lançou o mini-lp “O concreto já rachou” tendo bastante destaque (vendeu 250 mil cópias). O segundo LP também produzido pelo lider dos Paralamas, entitulado “Nunca fomos tão brasileiros” emplacou ‘a ida’ e ‘censura’ vetada pelo órgão federal.
Em 1988 sem a produção de Herbert, a Plebe lançou “Plebe Rude”. A crítica não viu com bons olhos ,o público começou a encolher e a Plebe, honesta, desencantar.

Lulu Santos

Ex-vímana, o guitarrista Luis Mauríco Bragana dos Santos,Lulu Santos foi, figura carimbada na época. Com facilidade de lançar hits e quase sempre na companhia de Nélson Motta, o artista chegou ao topo das paradas por várias vezes. O 1 o LP já mostrava que Lulu vinha prá ficar. Logo de cara estourou ‘Tempos Modernos’ e ‘Tudo com você’. Nos Lps seguintes emplacou ‘Como uma onda’, ‘De repente Califórnia’,’Adivinha o que’,’Casa’,’Um certo alguém’, ‘O último romântico’...

Nenhum de Nós

Formado inicialmente por Thedy Correa (baixo e voz), Sady Homrich (bateria) e Carlos Stein (guitarra) o Nenhum de Nós decidiu em 1986 levar a música a sério.
Mandou uma fita-demo em 1987 para o produtor Tadeu Valério, o mesmo que havia feito a coletânea ‘Rock Grande do Sul ‘ e acabaram contratados. Em meados de 1987 chegou às lojas o primeiro LP. Quase nada aconteceu no eixo Rio/Sampa. Somente em 1988 os programadores descobriram a faixa “camila, camila” e de repente tudo mudou.
De um dia para outro o hit estourou. No segundo trabalho intitulado “Cardume” a versão de starman de David Bowie (astronauta de mármore) foi uma das músicas mais tocadas do ano de 1989.
O primeiro LP vendeu pouco mais de 30 mil cópias, o segundo mais de 210 mil.
O Nenhum de Nós agora fazia parte do rock nacional, merecidamente. Em 1990 foi lançado “Extrano” colocando mais som da gaita gaúcha nas faixas. A música “Sobre o tempo” fez parte de novela global.
Neste LP o Nenhum de Nós já era um quarteto com a entrada de Veco Marques (violão/guitarra). Tempos depois João Vicenti (gaita/teclado/voz) tornou-se parte do Nenhum de Nós.

Biquini Cavadão

Começou com o quarteto Bruno Gouveia (voz), Miguel Flores da Cunha (teclados), André da Luz (baixo) e Álvaro Lopes (bateria).
Tocavam descompromissadamente até que foram descobertos por Carlos Beni (kid abelha) e Herbert Vianna. Aliás, o nome da banda foi dado por Herbert, e a primeira fita-demo foi produzida por Beni.
Nela constavam “Tédio” e “No mundo da Lua’. Rodou na fluminense FM e até o final do ano, a primeira já era sucesso.
Veio contrato com gravadora e em 1986, já com Carlos Coelho na guitarra, o Biquini Cavadão lançou “Cidades em torrente”. Tinha participação de Renato Russo na faixa “múmias” e Herbert, guitarra em ‘Tédio”.
Vendeu cerca de 60 mil cópias. O segundo LP lançado em 1987 ‘A era da incerteza’ teve fria recepção. Vendeu pouco menos de 50 mil cópias.
Somente em 1989 o Biquini lançaria mais um LP: “Zé” mas as vendas caíram. Ficou em 25 mil cópias. Em 1991 “Descivilização” trouxe hits que fizeram parte das programações: “Zé Ninguém” e “Vento Ventania”.

Outros 80 e suas músicas de destaque

  • Inocentes (do lider Clemente, o 1. punk do Brasil.Destaques:'Pátria amada' e 'Pânico em SP')
  • Herva Doce (de Renato Ladeira,Sussekind,Lly,Paul e Pena.Destaques:'Erva venenosa' e 'Amante Profissional')
  • Léo Jaime (goiano, participação ativa na década.Destaque:'Sete vampiras' e 'A vida não presta')
  • Hojerizah (Destaque:'Pros que estão em casa')
  • Picassos Falsos (Destaque:'Quadrinhos')
  • Metrô (Da vocalista Virginie.Destaque:'Tudo pode mudar' e 'Ti ti ti')
  • Zero (Do vocal Guilherme Isnard.Destaque:'Agora eu sei' duo com Paulo Ricardo)
  • Detrito Federal (Banda punk de Brasília.Destaque:'Tá com nada')
  • Garotos Podres (Punk do ABC paulista.Destaque:'Vou fazer cocô' e 'Anarquia')
  • Replicantes (Punk de Porto Alegre.Do vocalista Wander Wildner.Destaque:'Surfista Calhorda' e 'Sandina')
  • Defalla (Edu K o vocal.Banda de Porto Alegre.Destaque:'Instinto sexual')
  • Tokio (de Supla.Destaque:'Garota de Berlim' duo com Nina Hagen e 'Humanos'
  • Hanoi Hanoi (do letrista/baixista Arnaldo Brandão.Destaque:'Totalmente demais')
  • Cascavelettes (gaúchos comandados por Ney Wan Soria.Destaque:'Nega bom bom' e 'Sob o céu de blues')
  • TNT (também de POA/RS.Master e Henrique comandavam.Destaque:'Não sei', 'Entra nessa' e 'Irmã de DR.Robert')
  • 14. Andar (Baianos amigos do Camisa de Vênus.Destaque:'Diversão do novo mundo' e 'Sarah')
  • Heróis da Resistência (de Leoni saindo do Kid Abelha.Destaque:'Esse outro mundo' e 'Só pro meu prazer')
  • Finis Africae (De Brasília.Destaque:'Armadilha')
  • Rádio Taxi (de SP acompanhava Rita Lee.Destaque:'Garota dourada' , 'Coisas de casal' e 'Eva')
  • Sempre Livre (Banda só de mulheres.Dulce Quental no vocal.Destaque:'Eu sou free' e 'Fui eu')
  • Brylho (Banda de Cláudio Zoli.Destaque:'Noite do Prazer')
  • Uns & Outros (Hayena era o vocal e tinha o timbre de Renato Russo.Destaque:'Carta aos missionários')
  • Inimigos do Rei (A gravadora foi na onda dos Titãs com banda de mais de seis pessoas.Destaque:'Barata Kafka')
  • Violeta de Outono (Rock progressivo.Destaque:'Dia eterno')
  • Gang 90 e as Absurdettes (De Júlio Barroso.Destaques:'Perdidos na selva', 'Louco amor' e 'Telefone')
  • Lobão e os Ronaldos (Destaque:'Decadence avec elegance' e 'Me chama'.depois Lobão solo com vários sucessos.
  • Ritchie (Em 70 tinha banda com Lulu,Lobão,Liminha entre outros. Inglês que estourou com 'Menina veneno')
  • Magazine (comandada por Kid Vinil, importantíssimo para a época.O grupo antes chamava-se Verminose e era punk.Destaque:'Sou boy' e 'tic nervoso')
  • Eduardo Dusek (no início de fraque e cartola revolucionou os festivais, depois flertou com o rock estilo 60.Destaque:'Nostradamus', 'Rock da cachorra' e 'Cantando no banheiro'.
  • Joe Euthanázia (parceiro de Neuzinha Brizola.Destaque:'Já fui' e 'Me leva prá casa')
  • Fausto Fawcett (Destaque:'Kátia Flávia')
  • João Penca (oito no início quando lançou 1o LP.Depois virou trio.Destaques:'Edmundo','Telma eu não sou gay' e 'Psicodelismo em ipanema'
  • Ed Motta (Sobrinho de Tim Maia.Destaque:'Manuel')
  • Celso Blues Boy (melhor guitarrista rhitmin'blues do Brasil.Destaque:'Sempre Brilhará' e 'Aumenta que isso é rock n rool')
  • uma lista que não tem fim...
  • Fonte:
    Brock, o Rock Brasileiro dos Anos 80 de Arthur Dapieve ed. 34; NicoWolff